Não chame o meu amor de Idolatria Nem de Ídolo realce a quem eu amo, Pois todo o meu cantar a um só se alia, E de uma só maneira eu o proclamo. É hoje e sempre o meu amor galante, Inalterável, em grande excelência; Por isso a minha rima é tão constante A uma só coisa e exclui a diferença. 'Beleza, Bem, Verdade', eis o que exprimo; 'Beleza, Bem, Verdade', todo o acento; E em tal mudança está tudo o que primo, Em um, três temas, de amplo movimento. 'Beleza, Bem, Verdade' sós, outrora; Num mesmo ser vivem juntos agora.
O Limite Saudável do Amor por Nós PrópriosO amor por nós mesmos, que só a nós diz respeito, sente-se satisfeito quando as nossas verdadeiras necessidades ficam satisfeitas; mas o amor-próprio - que se pretende comparar com ele - nunca se sente satisfeito nem o poderia estar, porque esse sentimento, que nos leva a preferirmo-nos aos outros, também exige que os outros nos prefiram a eles próprios; ora isso é impossível. Eis como as paixões suaves e afectuosas têm origem no amor por si próprio, e como as paixões de ódio e de ira provêm do amor-próprio. Assim, o que torna o homem essencialmente bom é o facto de ter poucas necessidades e de pouco se comparar com os outros; o que o torna essencialmente mau é ter muitas necessidades e preocupar-se muito com a opinião. Sobre este princípio, é fácil ver como se podem dirigir - para o bem ou para o mal - todas as paixões das crianças e dos homens. É verdade que, como não podem viver sempre sós, dificilmente poderão viver sempre bons: e esta dificuldade aumentará, necessariamente, com o alargamento das suas relações; e é nisso, sobretudo, que os perigos da sociedade nos tornam a arte e os cuidados mais indispensáveis para prevenir - no coração humano - a depravação originada pelas suas novas necessidades. Jean-Jacques Rousseau, in 'Emílio'
APENAS UM SONHO
Como cheguei até aqui Não sei, não lembro
Só sei que caminhando vim
Caminhando pelas incertezas da vida
Vivendo um dia a cada instante
Um instante a cada dia...
Em algum lugar do passado me perdi
Em meio a muitos amores Paixões, encanto e ternura
Mas o rosto de minha amada Ainda não esqueci...
Por muitos lugares andei
Vivendo outras paixões
Mas de nada adiantou
Dormindo em outros abraços
Procurando em outros braços
A paz que perdi..
Não encontro em lugar algum
Sempre tudo me parece tão comum
Acho que não tenho mais forças
Aqui vou quedar e dormir
Sonhar com tudo que tive
E esquecer tudo o que perdi...
Longe de tudo De todos,
no meio deste deserto Sem flores ou alegria,
cansado e
A ela buscando
Mas é apenas uma miragem
Um sonho
Apenas um sonho
De amor...
Se meu coração falasse
Diria da ventura suprema de estar envolto em amor
Se meu coração falasse
Diria quanto dói a saudade de um ex-amor
Se meu coração falasse
Diria quanto pesa a angústia de uma injustiça
Se meu coração falasse
Seria o melhor poeta
Diria da beleza de uma rosa
Da paz de um sorriso infantil
Da graça de um beija flor
Se meu coração falasse
Provavelmente seria um arauto da parceria
Um profeta ensinando-nos o Paraíso
Um seresteiro, um poeta, um trovador!
Se meu coração falasse
Certamente cantaria doces canções exaltando os casais
Conversaria em linguagem própria com os animais
Diria versos às flores
Faria dueto com as águas do rio a correr
Diria carinhos ao Sol e às Três Marias
Se precisasse da escrita para se comunicar
Escreveria colorido Talvez em vermelho paixão
Ou em prata que pegaria das noites de luar
E quem disse que ele não arranjou um jeito de falar?
Diz amo você com meu olhar
Entoa ternuras quando me ponho a cantar
Reveste-me de verdade crua quando estou a poetar
Pena que sua voz é baixinha
E nem todos podem ouvi-lo!
Só os amantes possuem o poder de escutar
A doce e meiga voz do coração...
Privilégio dos amantes, então...
by: Magda Almodóvar
Se tudo te angustia, examina a própria vida... Se tudo te angustia, examina a própria vida, a fruta que amadureceu, caiu ao chão, apodreceu, e ainda assim será aproveitada como alimento, em tudo, nada se perdeu. Ainda gera sementes para novas árvores, adubo para a terra, vida que se revela. Se nada te consola, examina a dor alheia, observa... Tamanha dificuldade, e o menino sem pernas, caminha, a menina sem braços ainda pinta, o senhor sem a visão, guia outro irmão. Se a esperança fugiu, se a dor te consome, lembre-se de Jesus, que foi acusado, condenado sem nada dever. Foi açoitado, com o corpo dilacerado, carregou seu caixão, um madeiro pesado, sem nenhuma compaixão. Pregado como se fosse restos de carne, ainda olhou para os lados, anunciou a boa nova para os ladrões, e num último gesto sublime, não amaldiçoou, simplesmente perdoou. E se ainda assim,